terça-feira, 24 de janeiro de 2017

XADREZ PARA DEFICIENTE VISUAL

Garoto de 10 anos com deficiência visual
se dedica ao xadrez em MG
Eduardo é de Itatiaiuçu e estuda em associação em Divinópolis
Jogo ajuda no desenvolvimento na escola, diz professora.
Garoto se dedica ao xadrez há sete meses


A deficiência visual não é empecilho para se fazer o que deseja. É o que mostra o garoto Vitor Eduardo de Queiroz Silva, de 10 anos, que há cerca de sete meses se dedica ao xadrez. Ele é campeão nacional na modalidade e concilia a atividade com aulas de braile na Associação dos Deficientes do Oeste de Minas (Adefom) em Divinópolis.

Vitor Eduardo nasceu em Itatiaiuçu e tem aulas regulares na cidade. Mas se desloca uma vez por semana até Divinópolis para estudar o braile. Ele explica que as aulas são importantes para que tenha acesso a livros sobre o xadrez e entenda mais sobre as regras da modalidade. "Gosto de xadrez porque é muito interessante e me ajuda a desenvolver na escola onde estudo em Itatiaiuçu”, disse.

A mãe, Rosângela de Queiroz Silva, conta que Vitor perdeu a visão aos dois anos de idade e desde então ele faz tratamentos especializados. "Ele começou com problemas na visão ainda bebê. Logo o levei para fazer os tratamentos, mas depois foi só perdendo a visão. Fizemos algumas cirurgias e não adiantou", contou.

O garoto sofre de uma doença chamada uveíte crônica e por conta dela, hoje ele tem apenas a percepção de luz em um dos olhos. "É uma inflamação que deixou sequelas. Hoje em dia ele faz uso de colírio para controlar", completou a mãe.

Nada disso impede que o garoto seja destaque no xadrez. Para ele as ferramentas são adaptadas e o tabuleiro, por exemplo, é feito especialmente para que ele possa tatear e identificar a posição das peças e as casas, inclusive as do adversário.

Ele explica que as peças dispõem de pinos que o fixam ao tabuleiro. As pretas se diferenciam das brancas por um pequeno pino na parte superior de cada peça, a parte escura do tabuleiro tem um relevo para identificar a posição. “Consigo entender as jogadas do adversário para ganhar dele”, disse.

A mãe de Vitor ainda ressalta que percebe diariamente mudanças positivas no comportamento do filho desde que ele começou a jogar xadrez. “Ele socializa mais e entende que a visão não impede que ele faça nada. Ele gosta muito e se gosta a gente tem que incentivar. É interessante perceber que cada vez mais ele vem aumentando o gosto pelo jogo”, completou.

Mais incentivos
Vitor destaca que o apoio da mãe é importante, mas o gosto pelo xadrez não teria ganhado força se não fosse pelo incentivo da professora Joana Paula, que que ministra xadrez em um projeto realizado nos últimos oito meses na Escola Arminda Evangelista Ferreira, onde o garoto estuda. “Ela é que me ensinou e me fez gostar desde o início desse jogo. Agradeço muito à minha professora”, finalizou o garoto.

Cheia de orgulho do aluno, Joana destaca que Vítor sempre foi dedicado e que o xadrez potencializou a relação entre ele e os colegas, além de ter estimulado ainda mais o raciocínio lógico do garoto.

“Pra todos nós da escola ele é um orgulho. Começamos com o projeto de xadrez no início desse ano, onde ele estuda. Desde a primeira aula se destacou, ficou deslumbrado com a história e o jogo em si. A partir daí não parou mais. Já era muito inteligente em todas as disciplinas, mas com o xadrez percebemos que ele interagiu mais com os alunos da escola. O jogo abriu novas portas para o conhecimento também, uma vez que o xadrez atua diretamente no raciocínio lógico ajudando na disciplina de matemática”, contou

A professora complementa que o exemplo de Vítor serve de lição para todos. "Somente com dedicação e amor conseguimos alcançar o que almejamos. Sinto orgulhosa de fazer parte dessa história, pois trabalho com amor e ver o esforço sendo reconhecido é muito gratificante”, completou.

Destaque no Campeonato
Em outubro deste ano o garoto foi destaque do Campeonato Nacional Escolar de Xadrez que reuniu enxadristas de Pernambuco, Bahia e Minas Gerais em Petrolina no Pernambuco. Vitor Eduardo venceu na categoria 4º Ano Fundamental e também disputou com jogadores de outras categorias, ou seja, sem deficiência visual.

Fonte: g1

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